Antes de dar início a esse artigo é importante fazer algumas observações.
1 - Lembrem-se que naquela época o futebol era amador e portanto não havia um nível de organização nas competições como atualmente, apesar de até hoje essa organização deixar a desejar em alguns casos.
2 - Não existia Brasília e nem Distrito Federal. A capital era o Rio de Janeiro que fazia parte do Estado da Guanabara. O Estado do Rio de Janeiro tinha como capital Niterói.
Enfim, dito isso podemos prosseguir.
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| Time que disputou a partida do título contra o Rio Branco na penúltima rodada: Lola, Zézé Procópio, Bala, Kafunga, Florindo, Paulista, Alfredo, Bazzoni, Nicola, Rezende e Quim |
A Copa dos Campeões de 1937 foi o segundo torneio em nível nacional organizado no Brasil. O primeiro foi o Torneio dos Campeões Estaduais de 1920 que teve o extinto Paulistano como campeão.
Como o futebol era um esporte extremamente regionalizado na época, com os torneios estaduais tendo um peso muito grande, estes torneios nacionais eram bem esporádicos. O próximo só veio a acontecer 30 anos depois, em 1967. Justamente devido a isso os títulos nacionais eram extremamente valorizados. Na época, a imprensa esportiva exaltou a conquista. De acordo com o Lance:
O "Jornal dos Sports" escreveu: "O Athletico levantou o título de campeão do primeiro certame entre clubes campeões regionais que a Federação Brasileira de Football instituiu para o corrente ano" (Nota do blog: os outros dois foram organizados pela CBD). O diário "A Noite" destacou a importância da competição, como "o título máximo da FBF".
Assim como a Taça Brasil e o Robertão, o Torneio dos Campeões permaneceu vivo na memória dos torcedores durante décadas.
– É bicampeão! Um timaço, um timaço (o de 1937) – afirmou ao "Jornal do Brasil" o folclórico torcedor José Gomes Ribeiro, o Sempre, após o Atlético-MG conquistar o título do Brasileirão de 1971, em dezembro daquele ano.
A Copa dos Campeões de 1937 foi dividida em duas fases e reuniu 5 clubes campeões de 1936 mais um convidado totalizando representantes de cinco estados, Minas Gerais, Espírito Santo, São Paulo, Guanabara e Rio de Janeiro.
Na primeira fase participaram o campeão campista (Campos dos Goytacazes) representando o estado do Rio de Janeiro, Sport Club Aliança; o campeão capixaba, Rio Branco; e o convidado Liga Sportiva da Marinha do estado da Guanabara. Esse embate classificou o time capixaba para a segunda fase.
Apesar do nome "copa" dado ao torneio, este teve um formato de pontos corridos na segunda fase. Ao Rio Branco juntaram-se Fluminense, campeão guanabarino, Portuguesa, campeã paulista e Atlético, campeão mineiro.
O início não foi bom para o Galo, que tomou uma goleada para o Fluminense de 6 a 0 e empatou com o Rio Branco por 1 a 1. Ambas as partidas fora de casa. A primeira vitória veio com uma goleada por 5 a 0 sobre a Portuguesa no Estádio de Lourdes.
No returno, o Galo foi soberano com vitórias sobre os três adversário. Na primeira rodada o time estava fazendo 4 a 1 no Fluminense quando aos 18 minutos do segundo tempo o time, então guanabarino, abandonou a partida (Putz! Desde sempre! Já existia STJD naquela época?). Na segunda partida o Atlético fez 5 a 1 no Rio Branco, sagrando-se campeão com uma rodada de antecedência, e finalmente venceu a Portuguesa em São Paulo por 3 a 2 sagrando-se assim campeão nacional, ou brasileiro, como queiram, de futebol com nove pontos no total (vitória valia 2 pontos). O Fluminense foi o vice três pontos atrás e empatado no número de pontos, mas perdendo no saldo, o Rio Branco ficou em terceiro.
O Atlético ainda consagrou o artilheiro do certame com Paulista marcando oito gols no torneio.
Colega, excelente matéria! Algumas considerações: o futebol em 1937 já não era mais amador. A grande maioria dos clubes já haviam se profissionalizado em por volta de 1933. Na minha concepção, o Galo foi o primeiro campeão nacional porque em 1920 o futebol ainda era amador e grandes clubes como São Paulo, Cruzeiro, não existiam, sem contar que nem todos os estados com tradição em futebol foram convidados, e nem Copa do Mundo existia, ao contrário do que ocorreu no contexto do torneio de 1937. Outro ponto importante, a Copa dos Campeões Estaduais de 1967 em nada tem a ver, na sua essência, com a de 1937. Isso porque, primeiramente, ela não tinha o objetivo de definir um campeão nacional, já que na década de 1960 já haviam competições com esses intuito. Além disso, foi organizada pela Federação Mineira, que não é uma entidade nacional como a FBF era na época. Na decada de 1930, durante o governo de Vargas, começou a surgir um sentimento nacionalista muito grande, tanto que houve o episódio da queima das bandeiras estaduais, ou seja, a Copa dos Campeões Estaduais representou o futebol nacional, um campeonato, ao contrário da Taça Brasil, e o Galo foi o primeiro campeão.
ResponderExcluirAlguns outros equívocos da matéria, que aliás são perpetuados através dos tempos pela mídia, para completar o que tão bem disse o Vinicius:
ResponderExcluir1) O nome oficial da competição foi III Campeonato Brasileiro de Football, e não Copa (nomenclatura que não era usada na época) dos Campeões.
2) O nível de organização da competição foi relativamente bom, a formula de disputa foi em turno e returno com pontos corridos, jogos na sua maioria nos finais de semana.
3) Existia o Distrito Federal, onde ficava a capital do país, Rio de Janeiro, somente após a construção de Brasília, o que tinha sido o Distrito Federal passou a ser denominado estado da Guanabara.
3) A próxima competição nacional, apesar de não ser na formula de disputa denominada campeonato, aconteceu em 1959, a Taça Brasil.